sábado, 10 de setembro de 2011


 Por estes dias, me dei a liberdade de observar um pouco mais o mundo ao meu redor. Me dei a liberdade de observar pessoas, de ouvir coisas e por mais difícil que foi, até que foi proveitoso. Percebi, que eu, por mais que eu me recuse (e creio que para sempre recusarei) eu pertenço a este mundo que as pessoas chamam de vida. Em meio à tragédias cotidianas, aqueles que fingimos não ver pelas calçadas, o vento gélido da madrugada, o estranho que senta-se ao nosso lado durante uma viagem de ônibus, ocupado em preocupar-se com sua vida, com seu trabalho e com si. Os executivos em seus generosos ternos sem tempo, esbarrando em pessoas comuns no pico do dia. O céu cinzento e poluído da cidade, o ar ainda tragável e as crianças sempre sorridentes e enérgicas, nos seus uniformes azul com branco. A sirene das ambulâncias e viaturas que cortam caminho nos corredores estreitos apinhados de carros quase que solitários em seu interior. As buzinas frenéticas e a voz dos camelôs é a sinfonia cansável deste lugar.
Foi então que concluí, aquilo que eu já temia saber e já sabia, o mundo não parará para que eu concerte meu coração fragmentado, estilhaçado, lamurioso... E por mais que eu chore a caminho de casa, em meio a chuva fina no fim da tarde ninguém ao meu lado nunca perguntará o que houve. Pessoas morrem injustamente todos os dias e nem por isso nos sensibilizamos, então porque eu deveria achar que o mundo giraria ao meu redor? Porque acreditaria eu que, um dia um anjo me buscará e me levará para longe? Longe dos meus monstros, medos e angústias noturnais? Me levará para o infinito, para a linha do horizonte que sempre almejei alcançar... Mas isso é bobagem, pois todos queremos ser ajudados rezando para qualquer um que nos leve para o tal do paraíso. E este alguém parece nunca chegar.

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